Esta experiência foi, de fato, uma das mais marcantes na trajetória do Núcleo, pois nos proporcionou encontros muito especiais pelo Brasil. Estes encontros (que se efetivaram através das oficinas, das apresentações, dos bate-papos ou até mesmo de simples andanças e conversas pelas cidades) nos fizeram construir, pouco a pouco, um novo olhar acerca do nosso trabalho...ou melhor, um olhar mais cuidadoso e atento àquilo que estávamos construindo juntos, pois, cada vez mais, notávamos que se tratava de algo muito importante para nós e para a humanidade.
Como as viagens eram separadas por alguns curtos períodos, nos quais voltávamos para Londrina, nós tínhamos a oportunidade de repensar o trabalho, mais especificamente em relação à oficina (a sua estrutura, a maneira como era aplicada pelo grupo, como cada lugar recebia essa oficina, quais eram os nossos erros e os nossos acertos e tantas outras coisas) e isso foi fundamental para que pudéssemos avançar no aprimoramento do trabalho. A frequência, quase insana, das viagens e das demandas relacionadas a elas nos trouxe certo esgotamento, é claro, mas para além dele, muito amadurecimento.
Quando o circuito chegou ao seu fim, respiramos (de alívio, pois estaríamos livres dos hotéis, dos aviões e das horas de espera nos aeroportos) e suspiramos (de saudade, que ainda era pequenina, mas muito forte, de tudo aquilo que tínhamos vivido). E assim se encerrou mais uma das nossas experiências de fazer teatro pelo Brasil, que apesar de cansativa, só nos fez ter mais vontade de continuar a caminhada!
E...continuando a caminhada, no começo deste ano (2014), passamos por um processo de reestruturação da “ A Pereira da Tia Miséria” (tivemos a saída de dois companheiros e por isso, uma mudança de elenco no espetáculo). Este processo mexeu e ainda mexe bastante conosco e veio em boa hora, pois precisávamos sacudir as nossas próprias estruturas, questionar as nossas certezas e...recomeçar! Tem sido um desafio e tanto para todos, pois estamos transformando, recriando um espetáculo que havia sido de uma forma durante três anos e que agora tem de se adequar às novas possibilidades. Reestreamos em abril e já realizamos algumas viagens nesta nova formação. É claro que o processo ainda não está finalizado, como nunca estará. E isso é o que nos move!
texto: Camila Feoli
foto: Maria Clara Sanae
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